A médica destaca ainda que, “quando o meningococo ganha a corrente sanguínea, ocorre a meningococcemia, que é um quadro extremamente grave e atinge praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo”.
Até o início de março, pelo menos 22 municípios cearenses tiveram pacientes atingidos pela meningite. Mais da metade dos casos, porém, se concentram na capital, com 29 notificações. Uma das mortes também ocorreu na cidade.
Os outros 3 óbitos por meningite neste ano ocorreram nas localidades de Quixadá (1), Viçosa do Ceará (1) e Crato (1).
Os sintomas iniciais da meningite se assemelham aos de uma síndrome gripal, incluindo febre, dor de cabeça, dor de garganta, dores no corpo, perda de apetite, náuseas e vômitos, conforme lista Vanuza Chagas.
Entre 9 e 15 horas da doença, explica a médica, eles começam a evoluir, e incluem:
Após cerca de 16 horas ou um dia inteiro do adoecimento, a meningite pode gerar manifestações mais graves, causando convulsões, perda de consciência, choque séptico e levando a óbito.
O Ministério da Saúde descreve ainda os sintomas das meningites causadas agentes além das bactérias, todos semelhantes:
A depender do agente causador, a doença pode, sim, ser transmissível. O Ministério da Saúde lista as possíveis formas de transmissão da meningite:
O Brasil não tem atingido, nos últimos anos, a cobertura mínima de 95% do público-alvo para a vacinação contra a meningite.
No Ceará, até outubro de 2023, 87,9% haviam tomado a primeira dose e 89,3% acessaram o 1º reforço, segundo os dados mais recentes disponibilizados pela Sesa. O consolidado do ano passado não foi informado.
Em anos anteriores, o Ceará também não atingiu a meta, conforme o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI):
O médico Robério Leite, que é infectologista pediátrico, observa que a chegada da vacina contra meningite ao Sistema Único de Saúde (SUS) reduziu os casos de forma expressiva: mas o Ceará segue com uma “letalidade alta” pela doença.
“A vacina não impede que ocorra a doença, mas ocorrendo é preciso um sistema de saúde atento pra identificar o paciente e promover o que ele precisa. É uma doença desafiadora pra qualquer sistema do mundo, com letalidade alta, mas infelizmente estamos acima da média”, frisa
A prevenção da doença deve ocorrer por meio da vacinação correta e atualizada das crianças. Para adultos infectados, a recomendação é o isolamento, uso de máscara e acompanhamento médico obrigatório.
Nos postos de saúde, estão disponíveis a vacina meningocócica C, para aplicações em bebês de 3 meses, 5 meses e 1 ano de idade; e a meningocócica ACWY, voltada para o público adolescente.
Já a meningocócica tipo B está disponível apenas na rede privada, para a faixa etária de 2 meses a 50 anos de idade.
Robério Leite reforça que, ao se vacinar, “você não vai deixar espaço pra que a bactéria colonize os indivíduos e seja transmitida a alguém não vacinado”: então, “se você tem aumento da cobertura vacinal, você fecha o ciclo de transmissão”.