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Na realidade, mais da metade das mulheres que descobriram câncer de mama no Ceará entre 2015 e 2021 tiveram diagnóstico tardio, em estágios mais avançados. Isso ocorreu em 55% dos casos, deixando o Estado em 1º lugar no Nordeste em relação à proporção de diagnósticos tardios da doença. No País, o Ceará está atrás apenas do Acre, do Pará e de Roraima, cada um com 56%.
A informação é do estudo “Panorama da atenção ao câncer de mama no Sistema Único de Saúde (SUS)”, fruto de parceria entre Instituto Avon e o Observatório de Oncologia. Para exame do estadiamento ao diagnóstico, foram utilizados os dados do Registro Hospitalar de Câncer, do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Há cinco graus de estadiamento do câncer mama, do mais leve (0) ao mais avançado (4), classificados conforme o tamanho do tumor, o acometimento ou não dos linfonodos e a presença de metástase à distância. Em estágio inicial, o tumor tem até 2 cm, sem acometimento de linfonodo, explica a oncologista clínica Geórgia Fiúza. No estágio 3, a doença já atingiu linfonodos; no 4, o câncer já chegou a outros órgãos ou tecidos.
“Quanto maior o tamanho do tumor e maior o número de linfonodos acometidos, maior a necessidade de tratamentos mais invasivos e menor a taxa de cura. No diagnóstico precoce, principalmente no estágio 1, cerca de 95 a 98% das pacientes estarão curadas com tratamento às vezes menos invasivo, com cirurgias mais conservadoras, de menor porte, e às vezes até sem indicação de tratamento de quimioterapia complementar”, afirma a médica.
Segundo o INCA, com exceção dos tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres de todas as regiões do Brasil. Para cada ano do triênio de 2023 a 2025, a estimativa é de 73,6 mil novos casos no País, representando uma taxa ajustada de 41,9 casos a cada 100 mil mulheres.
Segundo as Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil, o Ministério da Saúde recomenda a realização de mamografia para o rastreamento da doença a cada dois anos em mulheres de 50 a 69 anos.
A Pasta aponta que, para essa faixa etária, os possíveis benefícios são, provavelmente, semelhantes ou superiores aos possíveis danos da estratégia. A indicação para mulheres consideradas de alto risco para a doença e com menos de 50 anos é ter avaliação individualizada.
Já a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que a mamografia de rastreamento seja feita anualmente a partir dos 40 anos para mulheres de risco habitual para a doença e a partir dos 30 anos em caso de alto risco.
Para a oncologista clínica Geórgia Fiúza, esse cenário está relacionado à dificuldade de acesso a profissionais que vão avaliar a necessidade de exame, além da falta de conscientização das pacientes.
“Temos uma proporção grande de pacientes, até mesmo com menos de 40 anos, com diagnóstico de câncer de mama. Como elas não estão incluídas no programa de rastreio, acabam tendo diagnóstico mais tardio. Não é um problema só do Ceará, isso envolve a maioria dos estados do País”, afirma.
Aos 57 anos, em meio a exames de rotina, a doméstica Filoiza Monteiro, recebeu um alerta. Uma pequena alteração na mama direita chamou atenção do médico e em poucas semanas ela teve o diagnóstico de câncer de mama confirmado. No caso dela, a doença estava em estágio inicial, quando as chances de cura são maiores, mas nem todas as pacientes oncológicas no Ceará e no Brasil tiveram uma resposta precocemente.
Na realidade, mais da metade das mulheres que descobriram câncer de mama no Ceará entre 2015 e 2021 tiveram diagnóstico tardio, em estágios mais avançados. Isso ocorreu em 55% dos casos, deixando o Estado em 1º lugar no Nordeste em relação à proporção de diagnósticos tardios da doença. No País, o Ceará está atrás apenas do Acre, do Pará e de Roraima, cada um com 56%.
A informação é do estudo “Panorama da atenção ao câncer de mama no Sistema Único de Saúde (SUS)”, fruto de parceria entre Instituto Avon e o Observatório de Oncologia. Para exame do estadiamento ao diagnóstico, foram utilizados os dados do Registro Hospitalar de Câncer, do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Há cinco graus de estadiamento do câncer mama, do mais leve (0) ao mais avançado (4), classificados conforme o tamanho do tumor, o acometimento ou não dos linfonodos e a presença de metástase à distância. Em estágio inicial, o tumor tem até 2 cm, sem acometimento de linfonodo, explica a oncologista clínica Geórgia Fiúza. No estágio 3, a doença já atingiu linfonodos; no 4, o câncer já chegou a outros órgãos ou tecidos.
“Quanto maior o tamanho do tumor e maior o número de linfonodos acometidos, maior a necessidade de tratamentos mais invasivos e menor a taxa de cura. No diagnóstico precoce, principalmente no estágio 1, cerca de 95 a 98% das pacientes estarão curadas com tratamento às vezes menos invasivo, com cirurgias mais conservadoras, de menor porte, e às vezes até sem indicação de tratamento de quimioterapia complementar”, afirma a médica.
Segundo o INCA, com exceção dos tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres de todas as regiões do Brasil. Para cada ano do triênio de 2023 a 2025, a estimativa é de 73,6 mil novos casos no País, representando uma taxa ajustada de 41,9 casos a cada 100 mil mulheres.
Segundo as Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil, o Ministério da Saúde recomenda a realização de mamografia para o rastreamento da doença a cada dois anos em mulheres de 50 a 69 anos.
A Pasta aponta que, para essa faixa etária, os possíveis benefícios são, provavelmente, semelhantes ou superiores aos possíveis danos da estratégia. A indicação para mulheres consideradas de alto risco para a doença e com menos de 50 anos é ter avaliação individualizada.
Já a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que a mamografia de rastreamento seja feita anualmente a partir dos 40 anos para mulheres de risco habitual para a doença e a partir dos 30 anos em caso de alto risco.
Para a oncologista clínica Geórgia Fiúza, esse cenário está relacionado à dificuldade de acesso a profissionais que vão avaliar a necessidade de exame, além da falta de conscientização das pacientes.
“Temos uma proporção grande de pacientes, até mesmo com menos de 40 anos, com diagnóstico de câncer de mama. Como elas não estão incluídas no programa de rastreio, acabam tendo diagnóstico mais tardio. Não é um problema só do Ceará, isso envolve a maioria dos estados do País”, afirma.
A cobertura da mamografia para a população-alvo, porém, está muito abaixo da taxa de 70% recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No biênio 2021–2022, segundo o levantamento do Observatório de Oncologia, a cobertura no Brasil foi de 20,5%, enquanto no Nordeste foi 19,9% e no Ceará, 12,5%.
“O Ceará tem 54% de casos com diagnóstico tardio. Mais da metade das mulheres são diagnosticadas tardiamente. Isso está bem acima da média do Brasil, de 38% dos casos, e do Nordeste, de 43%. Isso realmente é muito preocupante e vem, muito provavelmente, da baixa a cobertura”, afirma Nina Melo, coordenadora do Observatório de Oncologia.
Como entraves para o acesso à mamografia, a coordenadora das Redes de Atenção à Saúde da Sesa, Rianna Nobre, elenca pontos como a falta de conhecimento sobre a importância do exame, o medo da mulher em relação a dor e a dificuldade de transporte. Além disso, ela ponta que a solicitação de mamografia de rastreio é responsabilidade dos municípios, por meio da Atenção Primária.
Em 2023, segundo a coordenadora, a cobertura da mamografia no Ceará foi de 17,59%. Rianna também destaca a importância de os equipamentos que realizam o exame — como o “caminhão da mamografia” — fazerem o registro no sistema do Ministério da Saúde corretamente. “Uma barreira também é a falha no registro. Tanto que temos trabalhado muito com treinamentos para as superintendências e para os municípios”, afirma.
A médica Geórgia Fiúza ainda aponta a concentração tanto de aparelhos de mamografia quanto de médicos e tratamentos oncológicos na Capital, dificultando o acesso ao diagnóstico. Em 2022, segundo o Panorama do Câncer de Mama, 38% das pacientes do Ceará precisaram se deslocar do município onde residem para realizar o exame. “Falta tanto uma organização maior do sistema quanto uma melhor educação das nossas pacientes na procura pelo rastreio”, defende.
Filoiza Monteiro, que está perto de completar 59 anos, realizou percursos de 347 km ao longo do tratamento. Regularmente, ela saía de Tauá, no Sertão de Inhamuns, para comparecer a consultas, cirurgia e sessões de quimioterapia na Capital, em deslocamentos de sete horas de duração.
“Na época que fiz a quimioterapia, eu saia daqui às 22h do domingo, chegava no Crio (Centro Regional Integrado de Oncologia) às 5 da manhã e tomava a quimioterapia (durante) 3h30. E você fica o resto do dia lá. Só sai de Fortaleza, às 18h, 19h”, relata. Para fazer a radioterapia, a estadia foi prolongada: foram 34 dias na casa de apoio da Associação Nossa Casa.
Segundo a gestora da Nossa Casa, Daniele Castelo Branco, os relatos sobre demora para fazer exames e fechar o diagnóstico, levando à descoberta da doença em estágios avançados, é comum entre as mulheres acolhidas pela Associação. “É muito triste ver o tamanho da dificuldade das mulheres em realizar um exame tão simples como a mamografia”, lamenta.
Ela também destaca que as pacientes “se perdem” no fluxo entre mamografias, ultrassons, biópsias e outros exames. Para Daniele, o ideal seria encaminhar uma paciente com resultado alterado para uma instituição onde todos os exames pudessem ser realizados.
“A paciente fica com uma mamografia alterada, não consegue marcar ultrassom, não consegue marcar biópsia e vai se perdendo no meio de tantas outras demandas que essa mulher tem no dia a dia. As próprias policlínicas deveriam garantir essa linha de cuidados completa da mulher no Interior. (…) Isso é o que deveria acontecer, mas não acontece”, afirma.
Rianna Nobre afirma que, após atendimento na Atenção Primária, pacientes elegíveis para o rastreamento que estão com mamografia atrasada são reguladas pela Secretaria da Saúde do Ceará para as policlínicas. Lá, ela faz o exame e tem acesso ao resultado, que é enviado para o município. Em caso de alteração, é solicitada um ultrassom de complementação.